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A Origem da Noite

"No início de tudo, havia os três domínios: Venrer, A Terra, infértil e sem montanhas; Caema, O Mar, zombeteiro e turbulento; e Oriel, O Céu, silencioso e sem estrelas. Quando Oriel recebeu as Nove Chamas, criou a Noite para proteger a Terra dos barulhos do Mar. Mas a Noite era egoísta, apaixonou se pela Terra e quis escondê-la de todos. Assim, tomou a forma de uma enorme serpente de fumo e abraçou a Terra, impedindo-a de escutar o Mar e de ver o Céu. A Terra foi sufocando com o abraço.

Fumaça cinza em um fundo preto
Representação da Noite em sua forma de fumaça (Via Pixabay)

Preocupado, Oriel criou Yerandar, O Primeiro Verith. Deu ao jovem uma lança e jogou-o em direção a Terra, fazendo-o atravessar as nuvens espessas da Noite. Se não fosse pelo terreno cada vez mais arenoso, talvez o verith não tivesse suportado a queda. Oriel prometeu a Yerandar as Noves Chamas, caso ele conseguisse salvar Venrer.

O Primeiro Verith conversou com a Terra e ela lhe contou que era oca por dentro, totalmente vazia. Então, Yerandar pediu desculpas e feriu-a com a lança, abrindo um buraco para seu interior. A Noite ainda não havia descoberto o ventre da Terra. Cega pela paixão, a Noite a penetrou, preencheu o vazio da Terra com seu corpo em forma de névoa. Yerandar então lacrou a entrada com uma rocha enorme.

Mas a Noite, obrigada a olhar apenas para si naquela, aterrorizou-se com a própria face e se remexeu, empurrando as paredes ao redor. A Terra gemeu e tremeu de febre. Desesperado, Yerandar gritou socorro. O Mar ouviu e abraçou a Terra, ocupando os espaços que a Noite havia aberto. Seu peso empurrou a Noite ainda mais, suas águas refrescaram Venrer. Ainda assim, a Terra tremia, sem suportar a serpente em seu ventre.

Então, Caema usou a voz zombeteira para cantar, uma música suave, lenta, que fez a Noite dormir. Aquilo aliviou o sofrimento da Terra, mas não para sempre. Os miamas negros da Noite não paravam de ser exalados. Em algum momento, a superfície se romperia. Yerandar, então, implorou para que Oriel cumprisse logo sua promessa e lhe desse as Nove Chamas. Oriel concedeu.

Com o poder da Luz Branca, o Primeiro Verith criou Obarath e Groweni, seus companheiros. Obarath lhe sugeriu que abrisse a prisão por um tempo para que os miasmas evaporassem. Groweni aprendeu a música de Caema e cantaria para que os miasmas não ficassem tão violentos.

Yerandar achou o plano arriscado demais, então olhou o céu, e notou que três luzes cintilavam na imensidão. Eram as primeiras estrelas, que surgiram com o nascimento dos verith. Yerandar então criou o sol, uma enorme chama de luz azul que mitigaria o poder da Noite. Mas quando removeu a rocha, os miasmas não saíram, temendo a luz ofuscante.

Então, Yerandar escondeu o sol e criou a lua, de luz azul mais suave. Os miasmas saíram, mas eram tão fortes que escureceram a Terra e os verith não puderam empurrar a rocha de volta para impedir a liberação desenfreada, nem mesmo com as canções de Groweni e Caemi. Yerandar, esperto como era, trouxe de volta o sol. Os miasmas perderam força e os verith puderam fechar a prisão novamente. E é assim até os dias de hoje, mas não mais com os Grandes Verith.

Agora, o buraco é chamado de Poço da Noite, e três mulheres cumprem a função que os primeiros verith realizaram. Elas têm os ouvidos tampados, pois os miasmas da noite sussurram e, dizem, embriagam os ouvintes com maldade e egoísmo."

Nota: Este é uma versão alvânica da Origem do Mundo. Venrer, Caema e Oriel são os nomes antigos desses domínios. Há uma versão mais moderna de seus nomes em alvador, relacionada a suas características:

Rerdal, Terra Sagrada ou Território Sagrado (não o elemento terra);

Caendal, Oceano Sagrado; e

Arieldal, Céu Sagrado. 
 

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